segunda-feira, 15 de maio de 2017

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Eu ando pelas ruas

do centro dessa Belo Horizonte, sozinho, quando de noite. Sempre que posso fico improvisando uns itinerários até chegar a um ponto qualquer e aí sim ir pra casa. Ou também posso me sentar num bar, beber e comer alguma coisa. Como hoje, que estou aqui, a espera de um hambúrguer e umas fritas descumprindo a promessa que eu não comeria fritas, nem hambúrguer. E também não beberia cerveja, como estou bebendo. Não acho isso ruim, a coisa de andar sozinho, por aí. A pior parte é não saber como levantar dessa mesa e deixar minha cerveja pela metade para ir ao banheiro, enquanto um monte de gente em pé aguarda por um lugar. Cobiçam a minha mesa. Eu, sozinho nela com três cadeiras sobressalentes, e eles todos, aos montes, me encarando, como quem pergunta "quanto mais você demora?". Gente, juro que não sei. Daí, abaixo a cabeça, pego o celular e começo esse texto, para não mais cruzar com o olhar deles. Eu poderia convidar todos - aliás, três deles - para se sentarem aqui comigo,mas não sei se eles topariam... Na verdade, não sei bem se eu toparia dividir a noite com eles, recém saídos do carnaval ainda prematuro que já pipoca por tudo que é parte dessa Belo Horizonte. Gente, eu lhes diria, é só mais um pouco de tempo enquanto quebro minha promessa por completo e me empaturro de hambúrguer, cerveja e batata. Preciso parar de pensar no xixi. Ou pensar logo numa tática para ir à roça sem perder a carroça...

domingo, 15 de janeiro de 2017

Eu tiro o atraso

Do sono, eu penso, das leituras, eu espero: se eu pudesse dormia e lia tudo que não dormi e li ao longo do ano nessas férias. Também nutro umas outras expectativas: começar uma atividade física, arrumar o guarda roupa, ajeitar o sem fim de livros comprados e não lidos, rever os amigos, passear todo dia com os cachorros, organizar o computador, o clipping, o currículo - o Lattes/ como lida com a plataforma Lattes? Fazer sexo também (com quem?).  Comer comida saudável e quem sabe até aprender a cozinhar. Planejar as aulas do semestre, deixar tudo prontinho pra eu não chegar em março já com os pés entre as mãos e com aspecto de um panda, de tanta olheira. E até penso de entrar em fevereiro com os trabalhos de dramaturgia encomendados já escritos, imaginados, rascunhados, impressos, só carentes de uns ajustes, imagina...

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Eu, que sempre clamo por um meteoro

para dar uma amenizada geral nesse jeitinho da humanidade de ser, acabo de sonhar com o dia em que de fato bolas de fogo caíram do céu devorando tudo. Mas o mais agoniante foi o sonho começar numa espécie de "12 horas antes" do fim: eu e mais dois amigos tentávamos encontrar um lugar para almoçar, mas, obviamente, não havia nada aberto. Decidimos ir para casa e, na minha, o meu pai acendia a churrasqueira enquanto a minha mãe acabava de se vestir e se arrumar, como eles fazem quase todo fim de semana. Provavelmente as pessoas decidiram terminar junto de suas famílias, não sei... Sei que estava na minha casa em Betim. Era domingo, porque passava o Fantástico na TV ligada e ele, óbvio, não noticiava sobre meteoro nem nada, mas mostrava, com muito sensacionalismo, um caso de pedofilia. A apresentadora, quando foi anunciar o intervalo, disse: "se tudo der certo, a gente volta." Juro ter visto esse detalhe no sonho! Pensei em mandar uma mensagem para o pessoal do mamãe agradecendo por tudo. Quis postar uma frase do "Risco", da Luísa Bahia, no Facebook. "Deus deixa ser amanhã"... Aí lembrei de soltar os cachorros, literalmente, na rua, porque não havia outra coisa a se fazer por eles... Uma aflição doida dentro do peito, uma dúvida se de fato alguma coisa caíria do céu, quando de repente vejo o fogo surgindo no breu, lá no alto. Estou eu, meu pai e minha mãe. Falamos alguma coisa bonita  uns para os outros, a minha mãe começou a chorar, o meu pai também  e os meteoros, violentamente, começaram a despencar. Eu e meus pais corremos, incrédulos, para lugar nenhum. Aí não dei mais conta desse filme de Steven Spielberg de baixo orçamento perturbando meu sono e acordei com a tensão desse quase-fim-de-tudo toda ainda por aqui.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Eu apertei o OFF do modo problematizador

Mas aí como 'tudo bem' com tanta criança de cinco, seis, sete, oito, nove, de, onze, doze, treze anos trabalhando na praia, servindo turista, catando lixo de turista na areia, sem direito ao tempo livre das férias escolares? "Criança não trabalha, criança dá trabalho" é um verso bonitinho que não vale de nada aqui, nesse quase-paraíso, onde vários paneleiros defensores dessa não garantia dos direitos da meninada (porque convenhamos, são) provavelmente vieram passar férias com suas crianças e são servidos por essas meninas e meninos que não podem brincar livres na praia durante grande parte do dia. Esse sistema, bicho, só explodindo! Minto, minto, minto: pensar assim é tão eficaz quanto o "contra tudo isso que tá aí".

Coragem!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Eu não devia ter fugido da aula de forró

Não devia! Se eu soubesse dançar, se não tivesse escapado das aulas da Maíra, lá no curso de extensão oferecido por ela, na UFMG, em 2013, olha... Hoje teria sido eu o par da Maria, lá no forró que fomos aqui na quadra de Itacaré, mais cedo...

Maria é essa mulher incrível e inacreditável que dorme quase ao meu lado, aqui no hostel. A que chegou ontem, de dupla com o Rodolfo,  lá de São Paulo.  Essa criatura apaixonante que já  viveu, leu, viu e aprendeu de um tudo, até a falar russo! E enquanto falamos da gente, não passamos uma vírgula sem concordar ou sem ser pura coincidência. Menos na coisa de falar russo, porque eu não falo, é óbvio...  Estou apaixonado, não tenho dúvida e brincando de dançar perigosamente (e deliciosamente)  com essa sensação de não  tirar o pé do chão, enquanto a cabeça confabula como quem  vive embriagado dessa rara plenitude. A Maria tem um namorado e, por tudo que ela já me falou sobre, ponto final nessa minha pequena exasperação bebum-poética.

E depois de tanto caldo no mar, não é possível que eu não tenha aprendido a segurar a minha onda!

(...)

(É possível!)

Mas nem só de encantos por Maria o dia de hoje foi feito, olha só que maravilha: fui ao samba, tomei umas quatro caipirinhas, umas duas cervejas e segura na mão de Deus, santo anjo do senhor, me ajuda, eu prometo não beber mais tanto (pelo menos aqui, em Itacaré). Não me deixa ter ressaca não que ó, eu prometo meu Jesus Cristinho, prometo uma penca ponderação, prudência e discernimento nos próximos dias! E prometo também não usar mais "ponderação, prudência e discernimento" num pedido, às quatro da manhã, porque nem vocês e nem a Nossa Senhora do Engov não tomado são obrigados.

Nisso já sinto daqui uma dorzinha de cabeça  raiando no horizonte da minha nuca. Ê alvorada!

Só pra tomar nota antes de finalizar: hoje foi bonito. Monique, a dona do Hostel, nos levou, gentilmente,  à uma praia mais distante chamada Engenhoca. Fomos eu, Maria, ela e Rodolfo. Pra ir à essa praia, só de carro mais uma caminhada de uns vinte minutos mata a dentro. E depois desse anda-anda por onde a gente passa por uma obra embargada de um resort, já  em ruínas, uau!  Que lugar afrodisíaco?! Foi essa palavra que você usou, Maria? "Não", ela me disse,  "falei Pa-ra-di-sí-a-co". Sim! Isso mesmo. Paradisíaco.  Depois, a Monique nos convidou para irmos a um bar onde rola um reggae toda noite de quarta feira. Eu, que já pensei umas duzentas vezes em virar hippie e "viver da minha arte na praia" , nem hesitei:  vamos ao reggae! Mas hoje/ontem a casa estava fechada e fomos para o samba e depois, eu mais a Maria cruzamos a Pituba, rumo ao forró, principal atração da noite, mas que estava minguadinho... A juventude gringa estava toda no meio do caminho, num bar chamado "Favela" ( "Favela" humpf, sei...) ao som da fritação da música eletrônica... Bom... Sorte a nossa...

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Eu que nunca me hospedei num hostel

Cá estou no meu quinto dia de viagem, no sul dá Bahia, Itacaré, com essa ideia de blog (que nasceu na verdade depois de eu tomar um "caldo" no mar, na tentativa de pegar um "jacarezinho"). Eu vim sozinho pra cá. Foi um escolha. Coisa decidida lá em outubro do ano passado. Pra buscar silêncio e conseguir bater um papo comigo mesmo. Mas essa ideia pseudo-budista de silêncio, ai ai ai. Logo eu, falastrão da porra! Pipocam assuntos, coisas, comentários, histórias sem graça em mim, enquanto eu caminho conhecendo a cidade, que é ótima!

Pensei dia desses: preciso aprender a paquerar. Tirar foto para o Instagram também, mas principalmente paquerar. Todo mundo que eu tiver vontade. Porque eu não sei. Pareço um caminhão desgovernado quando começo um flerte. Trem de sair da frente e, de fato, todo alvo sai. Vejo o pessoal da minha idade por aí e parece que todo mundo sabe. Igual ir à praia: todo mundo sabe! Eu estou aprendendo. Hoje concluí que precisava de uma canga. Fui lá e comprei. Ontem eu havia concluído sobre a minha necessidade de um Sundow fator 30. Trouxe um fator 60, mas ele está me deixando mais branco do que o inverno. Aí, não! Hoje perguntei a minha mãe se tinha um hidratante pra rosto. Mas nossa pela é oleosa então, talvez, melhor não. Ela me disse: "tem de ir ao dermatologista".  Minha mãe também me falou ontem, ao telefone, "cuidado com esse sol que é com ele que pega câncer." Pego nada! Junta um fator 60 mais meu jeito caminhão de paquerar que não pego nada mesmo! Para o bem e para o mal.

Chegaram dois novos colegas no quarto do hostel. O primeiro foi embora, amém! Eu até gostava dele, mas ele só falava de bunda e de mala, de pacote e de sexo, do novinho e do tiozão e de como e faz e acontece na cama. No fundo, acho que as histórias de pegação dele eram quase todas mentira. Ele deve ser muito sozinho, coitado, vai saber. Isso é só uma impressão. Assim como "acho" que esse casal de amigos chegados hoje parece ser legal. São de São Paulo. Já falamos mal do Dória, dos coxinhas e dos familiares anti-pt raivosos. Amanhã vamos à Prainha. Parece que um gringo também está para chegar  e ele  dormirá na cama de cima da beliche.

Aliás: não falta gringo falando espanhol em Itacaré.

Um povo bonito, falando espanhol correndo.

A Prainha fica no final de uma trilha na qual se anda por 45 minutos. Tinha de pagar um guia para descobrir o caminho, mas hoje dei uma arriscada e fui sem ninguém. No meio do caminho, encontrei um grupo mais perdido que eu e nos achamos! Gente de São Paulo, Rio Grande do Sul e um cachorro chamado Tyron, do casal de paulista. Lá é lindo, na prainha. Fiquei umas 3 horas nela. Pensei muito, pensei bastante. Imaginei que era um super Sayajin dentro do mar. Porque uma onda levanta a gente uns dois metros e na minha cabeça eu pousava no chão que nem um Goku da vida. Tive a ideia de iniciar esse blog. Quis ter Charles, Rafa e Cris por perto. Não quis escrever essas coisas no meu velho blog porque nele há muitas coisas escritas que sei lá... São de um outro tempo, outras necessidades de escrita. Mas não vou desapegar dele. Deixa ele lá, o "profundo como um pires".

Pensei em ir almoçar com o Marcelo que está pertinho pra jogar um pouco de conversa fora...

Devo ter me apaixonado umas quatro vezes hoje. Muita perna, muita coxa, muita bunda! Apaixonei de ficar na praia até umas 19 horas e mergulhar no mar  numa noite recém nascida só pra eu ser percebido pela pessoa amada. Não funcionou.  Foi quando resolvi vir embora e saí de lá batendo queixo porque já estava soprando um vento meio frio.

Sou amigo do moço da barraca de Caipirinha. Amigo não, conhecido. Hoje ele fez por oito um drinque chamado manga e limão que custa dez. Pediu para eu não contar pra ninguém. Eu disse que não tinha ninguém pra contar. Achei isso meio depressivo, e disse "isso foi meio depressivo" mas ele nem entendeu. Só disse que desmentiria se alguém chegasse lá pedindo a bebida por oito. Brinquei:é o meu cartão fidelidade. Ele, de novo,não entendeu. Além de aprender a paquerar, preciso exercitar a minha dicção .

Passei muitas horas calado hoje. Nem comigo eu conversei. Assim, falando. Isso é um recorde.

Quis ter uma rotina que coubesse aula de natação, capoeira e Pilates. Preciso de grana pra levar a minha vida assim. Aí, me empaturro de trabalho e não tenho tempo pra nada. Nem natação, nem Pilates, nem capoeira, nem esse blog nem nada.

Uma conhecida me disse um dia: "ninguém lê blog, quanto mais Blogspot! é tão demodê"...

Pensando assim eu já tinha parado de fazer teatro, porque a lógica é quase a mesma.

Aqui no quarto, todo mundo já dormiu. Vou nessa também.